Agora é sério! Sério. Ninguém acredita. Salve a palavra escrita, que a fala já nada vale. Então fale. Fale no papel. Quem acredita em discurso? Quem acredita em promessa? Prefiro um bom texto, que mesmo mentiroso, não te olha nos olhos e jura sinceridade. Quando lê um texto, você escolhe se quer ou não ser enganado por ele. Mesmo um texto muito bem feito, muito rico, escrito por um grande mestre das palavras, mesmo esse, só vai atingir o leitor onde ele assim o permitir.
Pertinente levantar essa questão logo agora. Li, ontem, a transcrição da entrevista concedida pela Senadora Heloísa Helena ao Jornal Nacional, da Rede Globo (perdão Senhor!!!), e o texto era ridículo. Não gosto de Heloísa Helena, não entendo chongas de política e nem estou aqui para analisar a conjuntura político-social ou algo mais pseudo-algo que isso. Detalhe importante para mim foi perceber o quanto certos discursos, destituídos do apelo emocional de caras e bocas, tornam-se vazios e sem sentido. E não só na política. Os grande mentirosos sabem disso. Hitler sabia. O teatro, a farsa, o drama. Recursos como esses favorecem mentirosos desde que o mundo é mundo. Por isso a escrita tem seu poder de mistificar e desmistificar. Por isso o fascínio que as palavras, quando representadas graficamente, exercem sobre todos os povos, desde as mais remotas eras. Os amantes mentem, fazem drama e choro e ranger de dentes. E convencem. Mas depois põem tudo a perder com uma carta; um e-mail; uma mensagem de celular. Presidentes. Reis. Patrões. Empregados. O princípio se aplica a todos.
Exceção à regra, alguns escritores, mentirosos ou não (embora eu ache que todo escritor é um mentiroso, mesmo quando está sendo sincero), conseguem convencer multidões a acreditar em suas palavras. Alguns com mérito, outros não.
Leminski, Vinícius, Machado, Raduan, Rubem Fonseca, João Cabral, Ariano, Clarice, Cecília, Fernando Sabino, Jorge Amado, Fernando Pessoa, Saramago, Lins do Rego, Guimarães Rosa, Florbela, Chico Buarque, Caetano, Gregório de Mattos, Zé da Luz, Catulo, Patativa, Augusto dos Anjos, Leandro Gomes de Barros, Shakespeare, Joyce, Rimbaud, Baudelaire, Dylan Thomas, Bob Dylan, Walt Whitman, Kerouac, Lovelace, Sartre e tantos outros...
Paulo Coelho? Gilberto Gil? Pedro Bial? Bruna Surfistinha? Adriane Galisteu? José Sarney? Marco Maciel? Celso Lafer? Hitler? Hemingway? Lya Luft? Zíbia Gasparetto? Dan Brown? Madonna? Sidney Sheldon? Michael Moore? E outros tantos…
Agora é sério! Sério. Ninguém acredita...