8/24/2006
ROSA NEGRA
Humilde presente de aniversário pra minha querida Rafa Neves (Enjoy it, Baby)
Rosa negra um sorriso é teu espinho
E o negro dos teus olhos a medida
Do que existe de saudade e carinho
No abraço na hora da partida
Cada pétala sua é uma vida
Cada folha um pedaço do caminho
Cada espinho um amor uma ferida
Cada beijo um abrigo e um novo ninho
Teu perfume embriaga absoluto
Feito vinho ou vodka barata
No copo de um poeta vagabundo
Rosa Negra vestido no teu luto
Vou tentando matar a quem me mata
Um palhaço a brincar nesse teu mundo...
8/22/2006
CADERNO SUJO/RASCUNHO SOBRE TUDO E NADA – Vol. 2
Às vezes a gente não sabe o que dizer. Como você fala pra alguém sobre aquele nó na garganta que lhe aflige sem um motivo aparente? Como explicar o fato de andar entre as pessoas e mesmo assim sentir-se sozinho? Ou então a súbita vontade de chorar, a urgência de uma mudança que não se sabe qual ou a necessidade de uma nova paixão, mesmo que efêmera?
Silêncio. Muita calma nessa hora. Somos humanos, volúveis por natureza e insatisfeitos por instinto. Impulsivos e irascíveis. Não existe livro de auto-ajuda ou manual de instrução para os sentimentos. Não acredito em gurus de qualquer ordem, ou mesmo em deuses que zelem por nós. Se existe algum deus em algum lugar, ele já me deu o que podia. Inteligência e força. O resto é um grande “TE VIRA!”. A vida imita a arte na medida em que esta imita a si própria. Talvez o problema seja procurarmos sempre uma perfeição estabelecida por outros. Talvez o que nos torne infelizes seja essa busca insensata pela felicidade. Viver rodeado de conceitos e metas que não sabemos de onde vieram, mas absorvemos como verdade. Fidelidade, amor eterno, alma gêmea, estabilidade, sucesso. Coisas que todo mundo almeja, sem sequer questionar o que significa, o que representa cada um desses conceitos. Dinheiro, amor, filhos, casa. Verdades e verdades. Incrível mesmo é perceber a quantidade de gente que chega lá e ainda se sente vazio...
8/20/2006
Baseado em fatos surreais
Que vendeu seus sonhos...
Era uma vez um velho
Que não tinha tempo...
E uma mulher casada
Que às vezes chorava...
...Sempre que chovia
O menino dormia debaixo do viaduto
Esperando pelos fregueses
Que dia a dia lhe consumiam os sonhos e a inocência.
...Sempre que podia
Entre uma e outra sessão de quimioterapia
O homem corria tentando (re)viver
Toda sua vida nos seis meses que lhe restavam.
...Sempre que sorria
A mulher pensava no doloroso adultério
De trair a si mesma entregando seu corpo (mas não sua alma)
Aquele homem que já não amava.
Era uma vez um poeta que nada entendia
E um dia cortou os pulsos
Não se sabe por desilusão amorosa
Recurso estilístico
Ou por não mais poder
Sentir...
MORTE E VIDA DE ROTINA...
Eu já fui um herói. Queixo quadrado, S no peito. Destemido. Enfrentava dragões, arquiinimigos, moinhos de vento. Não tinha medo da morte, estava sempre disposto a enfrentá-la, porque vivia extasiado, embriagado da vida, e queria aproveitá-la segundo a segundo. Eu sabia que iria mudar o mundo.
O mundo não mudou. Não muito. Ou mudou, mas não por minha causa. Eu sim, mudei bastante. Virei um covarde. O herói, derrotado. Não consigo enfrentar nada. Não como antes, de peito aberto, invencível como nos meus tempos de criança, nos meus tempos de homem feito. Já não durmo bem. A rotina me sufoca. Trabalho, faculdade, relacionamentos, poesia, sonhos adiados. Tudo me assusta, tudo me abala, e já não sei como enfrentar esses dragões. Hoje parece que a palavra de ordem é adiar. Deixar pra depois, como se a cada dia passado eu tivesse mais tempo pela frente. Anos atrás eu sentia uma urgência maior das coisas, da vida em si. Queria tudo, e queria logo. Queria “agora”. Agora nem sei o que quero, ou finjo não saber por medo de lutar, de perder.
Alguns dizem que amadureci, fiquei mais sensato, mais ponderado e cuidadoso. Alguns dizem que virei um covarde acomodado. A verdade é que sinto falta daquela chama, daquele fogo que me fazia tão bem. Procuro, às vezes, uma fagulha da velha coragem e acabo sempre me sentindo tolo, como um velho querendo vestir as roupas da infância. Não sei o que mudou. Não sei em que parte do caminho se perdeu aquele herói, ou quando os problemas passaram a ser mais assustadores. Não sei explicar essa fome que me assusta, essa necessidade de uma vida que já não sei se posso recuperar e que às vezes nem sei se já vivi realmente. Será assim tão difícil dar um passo em direção ao desejo, ao desconhecido, à batalha? Ou devemos procurar a segurança aparente da vida mediana com a qual não sonhamos, mas a qual acabamos nos adaptando?
Eu já fui um herói. Queixo quadrado, S no peito. Destemido. A única coisa que não mudou é que continuo não temendo a morte. Só não tenho mais coragem nem força para enfrentá-la...
Álesson Paiva
8/19/2006
LETARGIA
Por favor menina
Só me acorda quando a dor passar
Deixa as pessoas fugirem
Para dentro delas mesmas
Deixa o medo alimentar-se
Até que seu castelo preencha todo o céu
Vela meu sono menina
E deita ao meu lado porém não descuides
Que tua vigília é a medida
Do que será de nós quando outro sol nascer
Quando chegar o dia
Quando chegar a hora
Sentirás nos teus ossos a dor do parto-mundo
Te partirás ao meio e dilacerarás num grito
Esse cristal silêncio que paira no meu peito
Removas então o véu que as palavras
[ou o musgo de velhas palavras bolorentas]
Formaram sobre a carranca triste do meu rosto
(Quando me vires, não te assustes,
Nem pensas duas vezes antes de me escarrar a face)
Verás que sou um monstro
Sim
E que por amor fui perder-me
E por amor afastei-me de ti nesse sono absurdo
Letargia dos covardes e asilo dos falsos poetas
Mas sei que assim mesmo hás de sentir carinho
Talvez até verter uma perdida lágrima ou suspirar baixinho
Pois que é hora
E haverás de acordar-me
Somente quando a dor passar...
8/17/2006
8/16/2006
Queria ver se fosse aqui!
UM ASSOMBRO DE JANTAR
Tá vendo o Gaspar ali no meio? E o Gordo, naquela mesa da esquerda? E o Catinga e o Espicha?Você não é o único a não enxergar. É que esse jantar que aparece na foto foi organizado em homenagem aos... fantasmas!Sim, o pessoal lá em Cingapura acredita que, de acordo com o calendário lunar chinês, essa época do ano é a escolhida pelo pessoal que já morreu para dar uma voltinha aqui no mundo dos vivos.Para não causar má impressão nos fantasmas (vai que eles se vingam!), eles os recepcionam com um belo jantar.Por via das dúvidas, esses dois da foto trouxeram o jornal para ler enquanto esperam. Vai que os fantasmas não aparecem...
Crédito da foto: Reuters30/07/2006
Publicada por Editor do UOL Tablóide
Comentário:
Quero ver fazerem isso em Brasília. Vai faltar cadeira, comida, garçom. Só vai sobrar fantasma...
EU SOU UM IDIOTA MESMO...
Não tenho palavras. Imagina depois de tanto tempo ter que encarar a triste realidade de que eu sou um idiota...
Acontece que depois de uma análise de mim mesmo, e dos que me cercam, percebi que eu sou um completo alienado. Uma pessoa vazia, fútil, de valores distorcidos. Dei de cara com a enorme parede que se ergueu diante dos meus olhos esses anos todos, impedindo que eu enxergasse verdades óbvias e indispensáveis à formação do meu caráter como ser humano e cidadão brasileiro.
Acreditem ou não, caros leitores, sou alienado a ponto de, mesmo diante de todo esse quadro delicado e complexo que se descortina à minha frente - A decepção ainda pungente com a derrota da seleção brasileira na copa do mundo, a contratação de Dunga como técnico da dita seleção, Sinhá Moça em seus capítulos finais, Foguinho sofrendo nas mãos de Helen, Bel prestes a descobrir as tramóias de Estevão, a morte de Nanda, o bebê que nasceu com síndrome de down e foi rejeitado pela avó, a conjuntivite simultânea de Dado Dolabela e Luana Piovani, as fotos de Flávia Alessandra na playboy, a dança dos famosos, o novo ensaio de nudez e o possível lesbianismo da filha de Gretchen, o esperado livro novo da Surfistinha e até de uma possível "reforma" astronômica que elevaria o número de planetas do nosso sitema solar para 12 (já pensou? coisa maravilhosa, o impacto de uma reforma dessa para nossas vidas...) entre outras coisas tão ou mais importantes - eu insisto em seguir me preocupando com a porcaria da eleição...
Vê se pode? Eu sou um idiota. Um alienado...
8/15/2006
A HORA DO PESADELO II - O RETORNO.
Bruna Surfistinha aborda sexo gay em novo livro
da Folha Online
Fã de Jorge Amado e Dan Brown, Raquel Pacheco, 21, autora do best-seller "O Doce Veneno do Escorpião" --autobiografia de uma ex-garota de programa-- não irá até a 19ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo apenas para uma sessão de autógrafos nesta sexta (dia 10), às 18h, no estande da Siciliano.
Reuters
"Espero ter tempo para comprar alguns livros na feira também", disse a jovem autora, que já prepara o segundo livro, também pela editora Panda.Previsto para chegar ao mercado no segundo semestre deste ano, o livro segue o gênero auto-ajuda. Apesar de ainda não ter título definido, Raquel contou que irá falar de traição, preconceito e homossexualidade. Ela já teve experiências sexuais com mulheres...
COMENTÁRIO:
Ela deveria casar com o Paulo Coelho.
Ambos fazem livros de "auto-ajuda".
Ambos vendem horrores.
Tem gente que acha mesmo que os dois são escritores de verdade.
Ele escreveu um livro horrível sobre sexo.
Ela escreveu um livro horrível sobre sexo, mas com muito mais "conhecimento de causa".
Mas pensando bem, nunca daria certo. Apesar das semelhanças, ela pelo menos, já deixou de se prostituir...
8/14/2006
O CATADOR DE CONCHAS
Há tempos caminho
No meu atol de sonho
Por entre a areia fina
Catando conchas
Sinto no rosto
O carinho da brisa
Seu hálito tão doce
A dizer “Somos tolos”
Sim, somos tolos!
Somos gigantes
Crianças
E amamos
Somos covardes
Somos guerreiros
Brigando com nós mesmos
Lutando e nos rendendo
É sempre a mesma lua
Que nos vigia o sono
Quando nos entregamos
Feito escravos sem dono
E a brisa faz volteios
Beijando meu pescoço
Prendendo num abraço
O que nem sei de mim
“Vem comigo!”
Diz a brisa, encantadora e viva
“Vamos fingir que ser feliz é fácil
E te farei poeta, ao custo de um sorriso...”
Respondo com silêncio
E sigo no meu sonho
Sentindo o seu perfume
Enquanto fito o chão
Por entre a areia fina
Catando conchas...
Olha pra mim...
Se eu te pegar me olhando
Sem ninguém ver
Serei você
Te vendo?
Ou esse olhar fortuito
Não dirá nada
Quando muito...?
CORAÇÕES PARTIDOS...
8/10/2006
CADERNO SUJO/RASCUNHO SOBRE TUDO E NADA – Vol. 1
Agora é sério! Sério. Ninguém acredita. Salve a palavra escrita, que a fala já nada vale. Então fale. Fale no papel. Quem acredita em discurso? Quem acredita em promessa? Prefiro um bom texto, que mesmo mentiroso, não te olha nos olhos e jura sinceridade. Quando lê um texto, você escolhe se quer ou não ser enganado por ele. Mesmo um texto muito bem feito, muito rico, escrito por um grande mestre das palavras, mesmo esse, só vai atingir o leitor onde ele assim o permitir.
Pertinente levantar essa questão logo agora. Li, ontem, a transcrição da entrevista concedida pela Senadora Heloísa Helena ao Jornal Nacional, da Rede Globo (perdão Senhor!!!), e o texto era ridículo. Não gosto de Heloísa Helena, não entendo chongas de política e nem estou aqui para analisar a conjuntura político-social ou algo mais pseudo-algo que isso. Detalhe importante para mim foi perceber o quanto certos discursos, destituídos do apelo emocional de caras e bocas, tornam-se vazios e sem sentido. E não só na política. Os grande mentirosos sabem disso. Hitler sabia. O teatro, a farsa, o drama. Recursos como esses favorecem mentirosos desde que o mundo é mundo. Por isso a escrita tem seu poder de mistificar e desmistificar. Por isso o fascínio que as palavras, quando representadas graficamente, exercem sobre todos os povos, desde as mais remotas eras. Os amantes mentem, fazem drama e choro e ranger de dentes. E convencem. Mas depois põem tudo a perder com uma carta; um e-mail; uma mensagem de celular. Presidentes. Reis. Patrões. Empregados. O princípio se aplica a todos.
Exceção à regra, alguns escritores, mentirosos ou não (embora eu ache que todo escritor é um mentiroso, mesmo quando está sendo sincero), conseguem convencer multidões a acreditar em suas palavras. Alguns com mérito, outros não.
Leminski, Vinícius, Machado, Raduan, Rubem Fonseca, João Cabral, Ariano, Clarice, Cecília, Fernando Sabino, Jorge Amado, Fernando Pessoa, Saramago, Lins do Rego, Guimarães Rosa, Florbela, Chico Buarque, Caetano, Gregório de Mattos, Zé da Luz, Catulo, Patativa, Augusto dos Anjos, Leandro Gomes de Barros, Shakespeare, Joyce, Rimbaud, Baudelaire, Dylan Thomas, Bob Dylan, Walt Whitman, Kerouac, Lovelace, Sartre e tantos outros...
Paulo Coelho? Gilberto Gil? Pedro Bial? Bruna Surfistinha? Adriane Galisteu? José Sarney? Marco Maciel? Celso Lafer? Hitler? Hemingway? Lya Luft? Zíbia Gasparetto? Dan Brown? Madonna? Sidney Sheldon? Michael Moore? E outros tantos…
Agora é sério! Sério. Ninguém acredita...
8/03/2006
O palhaço do circo sem futuro
8/02/2006
PROZAC E RIVOTRIL
Para minha amiga Rafa Neves
Não é remédio baby
Nem cura pro tédio nem sessão da tarde ou domingo na praia
Esqueça a filosofia
A alma é fraca
Não tarde que tudo tarda
Nem cale o grito que nasce
Diante da velha pia coberta de louça suja
A solução é a conduta católica
Diria o palhaço
Sem que a Rosa retraia um só espinho
E sem que chovam raios trovões ou castigo divino
Haverá jeito baby
Que sempre há mesmo que só à noite
Quando os nerds chipados vigiam seus reinos por trás dos espelhos
E amantes dão voltas e voltas
Sem saber o porto certo ou se decerto haverá porto em qualquer bar ou quarto
Se haverá dor no parto ou se não mais importa
Nada mais
Há nostalgia agora
Pelo futuro fluido mutante predito e hiperperfeito que talvez nem seja
E há reticências
...
8/01/2006
Abandonai toda esperança vós que entrais...
Um blog é uma coisa tipo um diário, dizia uma amiga, até que resolvi experimentar. Não vou fazer um diário, nem um jornal, nem nada do tipo. Quero falar sobre tudo nesse Caderno Sujo; ou sobre nada. O que vier à mente. Até cogitei a possibilidade de criar um "bicho desses" antes, e cheguei mesmo a esboçar algo do gênero, mas por diabruras da internet e da minha fraca memória, destruída pelos excessos, acabei perdendo o endereço e a senha do meu primeiro blog, antes mesmo de postar alguma coisa.
Não pretendo aqui dizer a que vim, ou fazer reflexões profundas sobre qualquer coisa. Sou um cara de 26 anos que gosta de escrever, ler, beber e outros vícios, todos pouco saudáveis. Amigos são minha vida. Amor. Gosto demais de tudo e todos. Esse espaço servirá também, sempre que possível para postagem de textos daqueles que estão sempre comigo. Acho que é isso, por enquanto...