9/28/2006

No estar aqui (Fiskaels ad-hok)

Y me quedo parado aquí ,parado aquí,
mirando a uno y otro lado y me siento tan imbécil, tan imbécil...

...no me afecta tanto como cuando me haces sentir que el amor que te doy es tan barato, tan barato, tan barato...

Hubiese preferido salir y no hablar con nadie.
Hubiese preferido no venir.
Hubiese preferido no estar aquí, no estar aquí.
...

9/25/2006

Curriculum


Eu não sou bonito. Não tenho curso superior nem sei tocar violão. Não sou inteligente, não sei dançar nem falo outra língua além do meu português ruim. Não tenho casa, carro, dinheiro nem cartão de crédito. Não plantei uma árvore, não escrevi um livro nem tive um filho. Tenho um emprego ruim que paga pouco. Tenho poucos amigos e amo demais. Sou sensível a ponto de ser chato, e sempre acho que amo mais que sou amado. Tenho muitos complexos, muitos defeitos e poucas qualidades. Estou chegando aos 30 de idade e não fiz nada importante. Estou ficando careca, barrigudo e mal humorado. Me dei mal várias vezes, acertei muito poucas. Chorei mais do que sorri, fiz chorar mais do que fiz sorrir, e muitos já riram das minhas lágrimas. Já pensei em me matar, mas nunca tive coragem. Já pensei em ir embora, mas nunca tive coragem. Já tentei ser corajoso, mas tive medo e desisti. Já amei mais do que tudo e acabou não dando em nada. Já traí, fui traído, menti sem necessidade, disse a verdade e ninguém acreditou. Já acreditei em Deus, e Ele acreditou em mim. Já passei bem perto de alguém que deveria ter me feito feliz, e só percebi depois que estava só. Não tenho vergonha, mas me envergonho. Não tenho juízo, mas penso demais. Não tenho uma vida, e vivo sempre no limite do absurdo. Não sei escrever, porque leio muito. Não sei ler direito, porque quero sempre aprender. Não aprendo nada, porque sou muito humano e repito sempre os mesmos erros porque sou muito burro para tirar deles alguma lição. Não devo nada a ninguém, mas nunca poderei pagar o que devo. Já feri a quem me amava e amei a quem só me feriu. Já briguei sem razão e me apaixonei com menos razão ainda. Já me perguntei o que fazer da vida, e não soube o que responder, já rezei pedindo um sinal e só tive o silêncio por resposta...
Sou palhaço. Bobo e tolo em tempo integral.
Também desanimo aniversários, casamentos e batizados. Quem quiser rir de mim, é só entrar em contato...

9/17/2006


Eu gosto, eu amo, tenho crises de tosse e sinto ânsias de vômito. Acho que certa vez num sonho ou num pileque, roubei um carro mas não sei ao certo, talvez a vida acabe antes do meu cigarro, talvez esteja longe quem eu sinto perto. Eu já compus um blues que ninguém quis ouvir, depois fugi de casa e vim parar aqui, nesse lugar igual a outros que não vi, cercado dos amigos que comprei pra mim. Eu abro a boca e falo (rindo) mil mentiras, feito um professor de escola secundária, raspo o cabelo e me queixo da vida, mas é domingo e a cerva ainda tá gelada. Perdi a identidade na mesa de um bar, perdi toda a vergonha e já não quero achar. As pessoas são tristes, nas salas de estar, estando ou não sozinhas, sabendo ou não amar. Querendo ser o último eu fui o primeiro, errei a estação e meu amor não veio, tentei tomar um táxi mas faltou dinheiro, então tomei cachaça e tou de saco cheio. Ninguém mais tem segredos, verdades não são nada, vejo todos pequenos, do alto dessa escada. Jornais fazem alarde às cinco da manhã, mas sempre acordo tarde na esperança vã da noite ser a porta de algum sonho bom, então fecha a cortina e vê se aumenta o som. A mesma poesia que nasce de uma rosa, também se lê no corte cruel do espinho, estar careta é mesmo o maior dos porres e eu não me perdi, só mudei meu caminho...

9/08/2006

Causa e efeito


os melhores geralmente morrem por suas próprias mãos
apenas para escapar
e aqueles que ficam pra trás
nunca conseguem compreender
por que alguem
iria querer
escapar
deles

(Charles Bukowski)

O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio


Não tenho nada para falar hoje. Não encontro as palavras, nem desconfio por onde as perdi. Por isso deixo aqui algumas, encontradas num texto de Bukowski, que dizem tudo o que eu não saberia, seja por falta de talento ou por pura preguiça mesmo....


"Não estou numa competição. Nunca quis fama ou dinheiro. Quis escrever do jeito que queria, só isso. E tive que escrever ou ser tomado por algo pior que a morte. Palavras não como preciosidades, mas como necessidades. No entanto, quando começo a duvidar da minha capacidade de trabalhar a palavra, simplesmente leio outro escritor e então sei que não tenho com o que me preocupar. Minha competição é só comigo mesmo: fazer direito, com poder, força, deleite e risco. Se não, esqueça."

9/01/2006

...et circensis

Do circo onde há tempos
Fui palhaço
Resta-me à alma um
Ou outro aplauso
Que já não encontra eco
Ou outro aplauso

Velhas máscaras umas
Outras mágicas
De sorriso nem sempre
Com tanta cor sem forma
E sonho e som e sombras
Que já não encantam

E apagada luz que seja
Vai a velha platéia
De todo circo embora
Embora não de todo
Cega à arte circense
Do coração poeta...